Participar do Campeonato Brasileiro de Triatlo de Longa Distância não estava nos planos de Ismael Pinheiro. Uma série de fatores, entretanto, conspiraram para que o brasiliense fosse até Cumbuco, no Ceará (próximo a Fortaleza), no último dia 26, e se enfileirasse com outros 161 competidores na linha de largada. A sorte parecia estar ao lado de Ismael. A competição reservou ao triatleta uma grata surpresa: o quinto lugar e a convocação inédita em sua carreira para o Campeonato Mundial da modalidade, em Henderson, nos Estados Unidos, em 5 de novembro.
Contemporâneo de Alexandre Manzan e Leandro Macedo nos tempos áureos do triatlo na capital, Ismael costumava disputar posições com esses atletas e, em 1995, foi campeão brasiliense de duatlo. Por razões financeiras, deixou o esporte de lado. Mas há cerca de dois anos resolveu voltar às competições. “Voltei por brincadeira, para acompanhar a minha mulher a andar de mountain bike. Quando vi, já tinha financiado uma bicicleta e estava competindo de novo”, revela.
O brasiliense, que nasceu e foi criado no Gama, começou o ano focado em disputar e vencer o Campeonato Brasileiro de Duatlo, marcado para 8 de maio, em Curitiba (PR). Entretanto, faltando menos de um mês para o Brasileiro de Longa Distância — que compreende 3km de natação, 80km de ciclismo e 20km de corrida — Ismael recebeu um telefonema de um colega perguntando se ele não gostaria de ir em seu lugar para o Ceará, já que tinha machucado o braço em uma prova e estava impossibilitado de competir. Ele prontamente aceitou o desafio.
Ismael, porém, não contava com uma dor de garganta uma semana antes da prova, que o deixaria longe dos treinos durante aquele período. Ele lembra que, no dia da largada, não estava se sentindo plenamente bem. Mas encontrou forças para buscar uma boa colocação. “ Achei que eu não fosse conseguir completar a prova. Quando comecei a correr, me deu cãibra e tive que suportar a dor até o fim. Mas quando vi que, mesmo assim, estava em quinto lugar e com esse resultado me classificaria para o Mundial, fui na vontade e consegui chegar”, conta Ismael, recordando sobre como conseguiu uma das seis vagas para a competição nos Estados Unidos na única seletiva brasileira.
Viva o Pelotão
O que contribuiu para o bom resultado no Ceará, segundo Ismael, foram os treinos nos fins de semana com o Pelotão do Lago Sul. “O Pelotão dá ritmo para qualquer prova. O grupo tem excelentes atletas e o percurso que fazemos nos deixa bem preparados. Mesmo que não tenha competições de triatlo regularmente em Brasília, com esse grupo você consegue simular uma prova quase todo fim de semana”, elogia o triatleta. “Não estava treinando para a prova de longa distância. O resultado que obtive foi bom para avaliar como eu estou. Se eu treinar especificamente para fazer esse percurso tenho chances de brigar por uma boa posição no Mundial”, acredita.
Com a vaga para competir no Campeonato Mundial garantida e a vontade de representar bem o Brasil nos Estados Unidos cada vez maior, Ismael só precisa confirmar a participação na Confederação Brasileira de Triatlhon (CBTri) para carimbar o passaporte. “A Confederação convoca os atleta, mas não oferece nenhum tipo de apoio. Nem mesmo a inscrição ou as passagens. Será a minha primeira vez em uma competição internacional. Se conseguir viabilizar a minha viagem, acredito que poderei representar bem o Brasil”, crê o triatleta.
Patrícia Banuth - Correio Braziliense
Fonte
Os convocados
1 – Guilherme Manocchio (SC)
2 – Kelmerson Henri Buck (SP)
3 – Ricardo de Jesus Ramirez (PA)
4 – Bonieck Clemente (BA)
5 – Ismael Pinheiro (DF)
6 – André Luiz Rosenbaum (PB)
